Sabe quando você espera por uma coisa, sonha com isso, imagina como seria? Sabe quando todo mundo mesmo fala que você vai amar, que vai ser incrível emocionante, espetacular, e você imagina que vai ser assim mesmo? Eu contei os dias, os minutos, até o show do U2, e esperava que ia, tipo assim, mudar a minha vida.
E posso dizer que foi exatamente o que eu esperava!!! Não sei se eu diria que superou as espectativas, mas isso é uma coisa boa, porque depois de ver mil fotos e vídeos, ler o que todo mundo escreveu, ler críticas, elogios, e analisar os set lists da turnê inteira, dizer que foi o que eu esperava é dizer muito.
Mas teve coisas que me surpreenderam sim. Se você me pergutasse antes do show quando eu achava que ia chorar, eu ia falar de músicas como Walk On, One, With or Without talvez... Mas nunca jamais pensei que eu me sentiria como me senti ao ouvir os primeiros acordes de Where the Streets Have no Name! O telão todo vermelho, e depois a explosão de luz, em uma clara homenagem ao Rattle & Hum, completa com cenas antigas da banda no telão, me deu uma crise de riso e de choro que foi muito inesperada. Foi tão incrível, depois de assistir aquela cena do Ratle & Hum um milhão de vezes, ouvir aquela guitarra do The Edge, as luzes, e o Bono... “I want to run...”, e a multidão cantando junto praticamente a música inteira, ao vivo, foi realmente espetacular.
Mysterious Ways foi épico, lindo, perfeito. I will follow, poderoso. Beautiful Day começou com uma fã levada ao palco pra ler os primeiros versos da música traduzidos para português, que virou um lindo poema, Dia Lindo, foi demais. A primeira estrofe de I still havent found foi cantada pela multidão, com Bono conduzindo como um maestro no palco. City of Blinding Lights ganhou outra dimensão com as as bliding lights do palco. Magnificente foi mesmo uma música feita para se ouvir ao vivo, assim como Elevation. Sunday Bloody Sunday não envelhece, apesar de não ter acontecido um Domingo Sangrento na Irlanda recentemente, vira um hino de tudo que está errado, e quando o Bono canta “How long must we sing this song” é impressionante. One virou um hino de paz e união, muito além do que música sempre significou pra mim. Walk On, logo depois de falar da prisão da líder de Burma, vira um hino à liberdade. E o que falar de Zooropa? Apesar de estar em um dos CDs de menos sucesso do U2, no palco, com as frase no telão, foi demais!
E o palco... esse show realmente foi feito pra ver duas vezes. Uma de perto, preferência na RED Zone, que tenho certeza que valeu cada centavo dos R$ 1000 pagos por quem quis ver o Bono de perto. E outra de longe, para ver o espetáculo que é o palco. E acho que realmente isso faz com que todo mundo tenha uma experiência incrível do show, mesmo quem está longe. Quem está perto, está perto, tudo de bom, óbvio, mas não consegue ver o espetáculo que é o palco. Quem está longe não vê o Bono de pertinho, o que é um problema, dá vontade de pular a arquibancada, mas o palco é um espetáculo à parte. Cada música ele muda. O palco gira, as pontes mudam de lugar (sim, o palco tem pontes), o telão sobre, desce, aumenta, diminui... tudo torna a experiência de cada música única e incrível. Alguém me dá esse DVD de presente, please!!!
Teve um momento que o Bono disse “I lost my voice, you have to give me yours”, e apesar de ter soado mito adorável, é verdade: ele estava sem voz. Eu queria MUITO ouvir In a Little While, mas depois na minha análise do set list de sábado e domingo, na hora que ouvi Zooropa, sabia que não ia rolar. E do meio para o final do show, entendi porque: o Bono estava sem voz. Não afetou em nada grandes momentos como One, Where the Streets Have no Name, Magnificent... mas deu pra notar em I’ll go Crazy e em With or Without You, que foi cantada em outro tom. Foi lindo mesmo assim, e acho que essa questão da voz fez diferença mesmo porque deve ter sido o motivo da substituição de Ultra Violet por Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me. Desde que eu vi o Bono cantando Ultra Violet no Saturday Night Live, com a mesma roupa e microfone vermelho da turnê, aquele momento virou a “cara”da turnê pra mim. Como essa substituição já vinha sendo feita em outros shows dessa turnê, eu meio que esperava, mas quando vi o microfone vermelho, tinha uma ponta de esperança de ouvir “Baby baby baby, light my way...”. O show que foi With or Without you logo depois me fez perdoar, assim como o fato de que eles tocaram o comecinho de All I Want is You, que eu adoro. E a guitarra do The Edge não fica sem voz!
Para alguém que passava as tardes ouvindo só U2, que ouviu cada música de cada CD lendo as letras, analisando a poesia, pesquisando o significado de cada música, assistindo DVDs como eu, absolutamente tudo do show foi maravilhoso, cada palavra do Bono, cada efeito especial, cada música, cada detalhe, foi tudo maravilhoso. E talvez a maior surpresa foi como me senti durante cada minuto do show, não empolgada, emocinada, animana, mas simplesmente feliz.